E Se Não For Só “Manha”? Como Compreender o Que Está Por Trás do Comportamento Infantil

Neste artigo, vamos entender por que é importante olhar com mais empatia para esses momentos, como acolher essas emoções e qual o papel dos adultos no desenvolvimento emocional saudável da criança.

Patrizia B. Bento e Graziela Grezzi

5/12/20252 min read

🔶Crianças nem sempre sabem
dizer o que sentem 🔶

Diferente dos adultos, as crianças ainda estão em processo de formação do vocabulário emocional. Elas sentem — e sentem muito — mas não sabem nomear. E quando não conseguem expressar em palavras, elas expressam no corpo, no comportamento e nas atitudes.

Raiva, frustração, medo, ciúmes, cansaço e ansiedade são sentimentos que podem surgir de maneira confusa, e aparecer em forma de:

  • Choros intensos;

  • Gritos;

  • Silêncio e retraimento;

  • Agressividade;

  • Recusa em cooperar.

Rotular esses sinais como “drama” ou “manha” impede que o adulto enxergue o que realmente está acontecendo: uma criança tentando lidar com algo maior do que ela consegue processar.

Por Que o Termo “Manha” Pode Ser Prejudicial?

Quando usamos o termo “manha”, transmitimos à criança (e a nós mesmos) a ideia de que aquele sentimento é inválido, irrelevante ou exagerado. Com o tempo, isso pode gerar consequências importantes, como:

  • A criança para de confiar nas próprias emoções;

  • Sente-se envergonhada por sentir;

  • Aprende que demonstrar emoção é algo errado;

  • Acumula sentimentos mal resolvidos que voltam de formas mais intensas no futuro.

Mais do que isso: quando ignoramos os sinais emocionais das crianças, perdemos oportunidades valiosas de ajudá-las a se conhecerem melhor e desenvolverem ferramentas para lidar com os altos e baixos da vida.

Mas Como Acolher o Que Está Por Trás da Birra?

O acolhimento começa com escuta e presença. Não se trata de permitir tudo ou “passar a mão na cabeça”, mas sim de criar um espaço seguro para que a criança se sinta compreendida.

Aqui vão algumas práticas simples e eficazes:

1. Pare e observe

Antes de corrigir, gritar ou mandar parar, pergunte-se:
O que será que meu filho está tentando me dizer com esse comportamento?

2. Nomeie os sentimentos

Ajude a criança a colocar em palavras o que está sentindo.
“Você está frustrado porque o brinquedo quebrou?”
“Está se sentindo sozinho porque seu amigo foi embora?”

3. Ofereça alternativas seguras

Dê à criança outras formas de expressar aquilo que sente:

  • Respirar fundo juntos;

  • Desenhar o que está sentindo;

  • Ter um momento sozinho no quarto;

  • Pedir colo ou conversar com um adulto.

4. Seja firme com afeto ✅

🔹Acolher não é ceder a tudo. Você pode (e deve) manter limites claros, mas com empatia.
“Eu entendo que você está bravo, mas bater não é uma opção. Vamos achar outra forma de resolver isso juntos.”

Educar é Ensinar a Lidar com Emoções, Não Silenciá-las

Em um mundo que exige tanto controle emocional dos adultos, precisamos lembrar que ele começa a ser construído na infância. Crianças não nascem sabendo regular emoções — elas aprendem isso vivendo experiências, sendo ouvidas, acolhidas e guiadas com paciência.

Da próxima vez que seu filho estiver “fazendo manha”, experimente mudar a pergunta de “como paro isso agora?” para “o que ele está tentando me dizer com isso?”.

Esse simples deslocamento de olhar pode mudar completamente a relação entre vocês — e ajudar a construir um ser humano mais consciente, saudável e confiante.